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ANÁLISE: Red Dead Redemption 2

A tecnologia vem sendo desenvolvida cada vez mais, gerações de consoles estão mais rápidas e certos modelos se tornando obsoletos, jogos não são mais o que costumavam ser, agora, integram narrativas a um sistema de gameplay que condiz com todo o material, universos inteiros dentro de um disco. Jogos se tornaram produções milionárias com produção musical, gravação de movimentos, páginas e páginas de script, nesse contexto, anunciado dois anos antes até ser adiado e lançado em 2018, temos Red Dead Redemption 2, a nova aventura ambiciosa da Rockstar Games.

Após 7 anos, um novo jogo depois de Grand Theft Auto V estava para ser lançado com muita hype em cima dele, além de ser sequência de uma das obras-primas da Rockstar. Red Dead Redemption 2 foi louvado pelas críticas com notas extremamente positivas, mas por parte dos fãs, a nota decaia um pouco e, em certos casos, diziam que o jogo era horrível. Eu zerei o jogo duas vezes, fiz quase 100% (cerca de 95%), na primeira vez fiquei maravilhado com toda a jornada, mas após pensar muito, problemas surgiam e eu começava a entender todas as críticas, lhes apresento minha humilde review, dois anos depois, de Red Dead Redemption 2

1899, o fim de uma era se aproxima

O jogo se passa quase na virada do século, onde quase todo o Oeste estava “civilizado” e as gangues eram caçadas, nesse mundo acompanharemos a aventura da gangue Van der Linde, uma das mais temidas e, claro, uma das últimas gangues existentes. Jogaremos com Arthur Morgan, um dos membros mais antigos da gangue e quase um filho para Dutch Van der Linde, o líder do bando; o jogo começa nas montanhas nevadas, uma tempestade forte está ocorrendo enquanto a gangue foge após uma tentativa fracassada de um assalto, dois membros da gangue morrem.

Dutch chama Arthur para acompanhá-lo, os dois saem e se deparam com Micah, outro membro da gangue que estava fazendo reconhecimento, ele os leva até uma casa que parece estar ocupada. Os três descem até a moradia, enquanto Dutch discutia com homens ali, Arthur vê um corpo, para a surpresa deles, eram membros de outra gangue, O’Driscolls; um tiroteio acontece e a ameaça é eliminada, após isso, eles encontram uma mulher, chamada Sadie Adler, o marido dela foi assassinado (o corpo que citei acima) e, por decisão de Dutch, eles a levam para o resto da gangue.

A história de Red Dead Redemption 2 é, no mínimo, incrível, o ponto forte dos jogos da Rockstar sempre foram suas histórias e personagens marcantes. Arthur Morgan no início, quando apareceu em trailers e outros materiais de divulgação, não foi tão aceito, mas acabou que, para mim, ele é um dos melhores personagens de qualquer JOGO já feito; em seu diário, é possível ler o que ele sente, seus medos, suas dúvidas com relação ao fim da era das gangues, ao final do jogo, tenho certeza que você também o verá dessa forma!

Toda a narrativa é muito bem amarrada, personagens citam eventos passados, antes do jogo, e você não se sente perdido, pois sente que está acompanhando eles desde sempre, e cada membro da gangue tem suas preferências, gostos, desgostos, um capricho extremo foi posto nessa parte do game, além do fato de não ter “exposição desnecessária”, a narrativa te respeita como jogador para entender os eventos que ocorrem. Além dos personagens, o mundo é outro personagem por si só, mais de 1000 atores fizeram capturas de movimentos e oh boy, cada NPC tem sua rotina, o mapa está cheio de vida, pode não ser tão agitado, mas é possível sentir a “realidade” dele, você ver os pássaros, animais em florestas, acampamentos, tudo tem extremo detalhamento, é até assustador em alguns casos!

É assim que o gameplay é (Na verdade, desde sempre, eu acho…)

O jogo segue a fórmula básica da Rockstar de missões, mas digamos que em Red Dead 2, o “perfeccionismo” da empresa foi até demais. O game tem detalhes até demais em certos casos onde não colaboram muito com o gameplay, você ter de limpar suas armas, limpar o cavalo com uma escola, todo o processo ficou muito mais metódico, vou explicar: antes o processo era Apertar L1, puxar a arma, mirar e atirar, agora, puxando a arma você tem que segurar ela certo por causa da posição e precisão, depois atirar, puxar o cão da arma (que habilita o próximo tiro) para ai sim atirar de novo.

Além disso, todos os modelos são extremamente animados, cheios de movimentações e reações para cada coisa que o jogador faz ou interage, um exemplo é quando você esfola um animal, em certos momentos a animação demora mais do que o necessário. Outro exemplo e talvez, um dos mais problemáticos: seu personagem, em ocasiões, você tentará virar Arthur para pegar um objeto, e ele dará umas voltas até acertar o item; o jogo permite a interação com NPCs de maneira bem abrangente, e isso pode frustar, imagine você andando na rua e apertar um botão errado e socar um homem e a cidade inteira se virar contra você? Um pouco irritante.

A jogabilidade de Red Dead Redemption 2 é mais lenta, extremamente metódica em certos casos, mas um grande problema deve ser citado: O Design de games da Rockstar é datado (não falo do mundo aberto). A fórmula do modo história de “ser seguido ao pé da letra” em certos casos te pune por tentar uma abordagem diferente, como coletar recursos e doar dinheiro para o acampamento, que não muda absolutamente nada já que a história tem de seguir um rumo específico, e esse ritmo mais lento do jogo o fez ser chamado por muitos de “Horse Simulator”, em certos pontos, concordo, mas acho ser demais tentar enquadrar toda a obra num simples apelido. O game pode ter sido a segunda maior estreia do entretenimento, mas diferente de GTA, Red Dead pode não apelar para todos, e nesse caso, nem é um jogo para todos, infelizmente.

O modo Online de Red Dead Redemption 2 (Red Dead Online) pode ser divertido para alguns e extremamente chato para outros. No início, o game sofria de sérios problemas na economia das coisas, sendo quase que obrigatório a compra de microtransações para prosseguir, o grind era absurdo, agora esses problemas se foram e é uma experiência divertida para aqueles que quiserem se aventurar no velho oeste com os amigos, mas após muito tempo, o grind não vale tanto a pena e meio que perde-se o sentido de jogar. O Online, no final das contas, é um aperitivo onde o prato principal é o modo história do jogo.

O tamanho do jogo não importará caso você sente à fogueira com seus companheiros, cante, conte histórias, sinta o vento durante as cavalgadas entre missões e aprecie os pequenos momentos durante a jornada, já que quando tudo acabar, você perceberá a experiência que jogou, em momentos sim, e em outros não, você vai desejar experienciar aquilo pela primeira vez de novo, por que certamente foi algo especial. 

O dia acabou, a hora chegou… você lutou bem, a guerra acabou…

Red Dead Redemption 2 não é um jogo para todos, eu recomendaria para qualquer um se fosse apenas pela história, mas ai entre o fator gameplay, que eu amei, mas nem todos vão gostar, é irônico como a Rockstar faz certas coisas tão bem, mas outras coisas, tão mal. Jogar pela história de Arthur Morgan e acompanhar a gangue Van der Linde foi algo incrível e certamente uma experiência única de qualquer história de qualquer jogo, tem seus altos e baixos, afinal, o jogo é extremamente longo.