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ANÁLISE: Ghost of Tsushima

que seria um samurai? Guerreiros treinados com honra e disciplina, que não temem a morte ao encará-la, empunharão suas espadas contra qualquer um que ameace suas terras, lutarão até o fim honrando o código samurai. Lendas de tais guerreiros estoicos foram escritas desde muito tempo atrás e até hoje, nos fascinam.

Assim, temos a nova proposta da Sucker Punch, desenvolvedores de InFamous, ambientado no Japão durante a invasão Mongol, Ghost of Tsushima se propõe a te colocar na pele de um guerreiro que explora uma terra de sangue e mistérios enquanto o conceito de “honra” é colocado contra a parede. Tratando-se do último exclusivo de PlayStation 4, como o jogo performa comparado a outros produtos do mercado? A resposta, com certeza! Eu lhes apresento minha humilde review de Ghost of Tsushima

Perante a Guerra

Nosso conto começa com os samurais reunidos para uma batalha contra dezenas e dezenas de tropas mongóis lideradas por Khotun Khan, neto de Gengis Khan. O resultado foi o esperado, os samurais foram derrotados e aniquilados, Lorde Shimura, seu tio e mentor, foi feito prisioneiro enquanto que Jin Sakai, o protagonista, ficou perto da morte, até ser salvo por Yuna, uma ladra que será uma grande aliada na luta contra os mongóis.

Isso seria a base para o desenvolvimento da história, que é simples, mas é bem divertida de se experienciar pela primeira vez, Jin não é um personagem tão carismático como outros protagonistas (Kratos, Drake, Joel), mas possui vários momentos onde você se coloca no lugar dele, deixando a trama mais intrigante ao ver a transição de Jin como um Samurai para o Fantasma, e também, todo o debate moral entre o código samurai e o caminho do Fantasma de Tsushima, infelizmente não é possível escolher entre samurai e fantasma, a história de Jin Sakai já está escrita em pedra.

Várias secundárias exploram outros personagens que fazem parte da trama principal com seus próprios arcos de desenvolvimento, além dela, outros Contos de Tsushima expandem um pouco o mundo com o cotidiano e cultura japonesa. Há repetição em certos objetivos, mas o contexto é suficiente para manter você um pouco interessado nas missões menos desenvolvidas, mesmo assim, não creio que seria possível prosseguir por todo esse mundo sem a jogabilidade, que… deus, é muito divertida!

Dançarei com a lâmina

O combate que a Sucker Punch desenvolveu para esse jogo é extremamente divertido, todas as ferramentas combinadas são como uma dança abaixo de uma cerejeira, bem samurai, não? Jin possui apenas a sua katana, com ela, poderá assumir quatro posturas, uma para cada tipo de inimigo (espadachins, escudeiros, lanceiros e brutos), apertando quadrado resulta em um golpe forte, e triângulo num pesado; L1 é usado para defender, caso apertado no momento certo, você apara o golpe do inimigo.

Alguns movimentos podem ser robóticos e duros no início, mas após pegar o jeito, tudo será leve como uma folha ao trocar de posturas durante uma luta e superar seus adversários com sua espada. Lembrando que é extremamente fácil morrer no jogo, então cada passo tem de ser calculado e perfeitamente executado durante o combate, os inimigos possuem variações, então estudá-los é crucial para o sucesso.

A interface do jogo é bem simples, no canto inferior esquerdo há uma barra vermelha (sua vida) e algumas bolinhas amarelas (sua determinação), com determinação, você pode recuperar vida ou até mesmo executar ataques mais poderosos, a recuperando com aparos e abates durante uma luta. A espada é única, sendo possível aprimorá-la, ela possui cosméticos pelo mundo que devem ser encontrados, já sua armadura é flexível, compondo um set de equipamento, uma máscara e um item para cabeça, os dois últimos, respectivamente, não oferecem mudanças, já a armadura oferece vantagens, como maior resistência, maior precisão de arco e por ai vai; essas são as ferramentas que Jin, como guerreiro, poderá usar para enfrentar seus inimigos frente a frente, mas e o outro caminho?

O Fantasma possui várias técnicas, semelhantes a outros jogos, uma bomba de fumaça, kunai (faca de arremesso), zarabatana, dentre outras. É um caminho sem honra, mas em certos casos, mais eficiente que enfrentar todos frente a frente com honra, a movimentação aberta que permite parkour, subir em telhados, abaixar-se por fendas, contribui muito para a gameplay como um fantasma (mas o combate é mais divertido!).

Onde o vento me levar

Um grande fator de toda essa jornada é a própria Ilha de Tsushima, o mapa é bem grande e cheio de segredos para descobrir. A variedade de ambientes é um ponto alto, campos verdejantes, florestas densas, pântanos, montanhas nevadas, tudo está aqui e com um pouco mais, você irá parar vários momentos para apreciar as paisagens que Tsushima tem. Infelizmente, em alguns momentos ocorrem bugs de iluminação e de texturas, não presenciei isso, mas vi muitos relatos, coisas muito prováveis de se corrigir com atualizações.

O jogo não possui um minimapa, então como encontrar as coisas? Ao maior estilo Breath of the Wild: explore! Tsushima está cheia de dicas para você se orientar pelo mapa e encontrar seus segredos, como passarinhos amarelos que o levam para pontos de interesse, raposas que o guiam até santuários de Inari, fumaça na distância para acampamentos e muito mais. A falta de minimapa também implica não possuir uma “seta” guiando você para o local, então como é? O vento, deslize o touch-pad para cima e o vento apontará, particularmente eu adorei essa mecânica, já que não polui a interface e ainda acrescenta à beleza do mundo.

Falando em beleza, uma última coisa que gostaria de citar, mesmo sendo mais específica, é o modo foto do jogo, que apresenta várias opções para a criação de uma cena inesquecível durante a jornada por Tsushima. O jogo também permite jogar no modo Akira Kurosawa, onde tudo fica preto e branco como antigos filmes de samurai (sim, seus filmes foram grande inspirações para Ghost of Tsushima), mas eu ainda acho a melhor e mais inútil opção , já que o mundo do jogo é tão belo, não joguei muito nesse modo, mas para aqueles que gostam, é uma excelente opção!

Rumo ao fim

Ghost of Tsushima encerra a linha de exclusivos para o PlayStation 4 com chave de ouro, um combate divertido e cheio de possibilidades, um mundo rico a se explorar e uma história simples, mas interessante em certos casos. A jornada de Jin e sua dúvida entre o código samurai e o caminho do fantasma será uma que não esquecerei por um longo tempo, principalmente pelo incrível mundo onde me aventurei.

Não sendo apenas um excelente exclusivo para o PS4, Ghost of Tsushima é uma grande homenagem da Sucker Punch à cultura e ao passado do povo japonês, um jogo feito com carinho e com a diversão do jogador em mente ao explorar a cultura japonesa. Mesmo após ter finalizado o jogo, voltarei para liberar acampamentos inimigos, descobrir segredos, e claro, compor haiku (os meus não foram os melhores, mas eu tentei!)